O Ponto Chic acaba de chegar a uma marca impressionante: no finalzinho do mês de março, o restaurante paulistano soprou 102 velinhas. A casa, que é um
O Ponto Chic acaba de chegar a uma marca impressionante: no finalzinho do mês de março, o restaurante paulistano soprou 102 velinhas. A casa, que é uma das mais antigas da cidade ao lado da padaria Santa Tereza, fundada em 1872, tem motivos de sobra pra comemorar, com salões sempre lotados e a busca de manter a aura de “jovem senhor”.
Quem dá essa descrição de “jovem senhor” é Rodrigo Alves, proprietário e quarta geração da família à frente do Ponto Chic. Segundo ele, o segredo para o negócio em um restaurante centenário chegar nessa marca é a constante atualização — seja do cardápio, do serviço ou até mesmo da forma de funcionamento, agora com delivery por aplicativo.
“O Ponto Chic é um jovem senhor de 102 anos. No DNA da empresa, ele nunca envelheceu. Sempre se manteve atual, sempre trazendo as tendências, a necessidade do cliente, o que o cliente procurava. Foi se adaptando e se renovando, mas mantendo a tradição”, contextualiza Rodrigo, em entrevista ao Paladar. “Somos fiéis à tradição, entregando a experiência tradicional, sem impedir que o restaurante se adaptasse”.
Guardiã do bauru
Hoje, afinal, a casa continua sendo uma “guardiã” da receita tradicional do bauru, criada por um cliente da casa. Segundo conta a história, Casimiro Pinto Neto, aluno da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, era cliente fiel do Ponto Chic e levava o apelido de Bauru, cidade onde nasceu. Em 1937, chegou com fome ao restaurante e deu as instruções ao sanduicheiro Carlos: abre um pão francês, tira o miolo e bota um pouco de queijo derretido dentro. Depois disso, já fechando o pão, Casimiro pediu ainda umas fatias de roast beef e mais umas fatias de tomate. A partir daí, amigos começaram a pedir o “lanche do Bauru”.
No entanto, mesmo com o sucesso do bauru e que se mantém inequivocamente como a estrela da casa, com 146 mil unidades vendidas em 2023, o Ponto Chic também busca novas experiências. “Nas décadas de 1980 e 1990, quando o beirute veio com força, introduzimos no cardápio. Agora, mais recente, o hambúrguer vegetal. Tudo isso vai se adaptando e vamos mantendo a perpetuidade do restaurante”, contextualiza o proprietário.
Assim, é nessa perpetuidade que o Ponto Chic mantém o charme: ainda que tenha uma grande competição com outras casas na região da Avenida Paulista, onde fica a sua principal unidade, consegue fazer fila na porta durante a semana. Passam por ali uma miríade de pessoas diversas, indo desde o que está a passeio, passando por funcionários de empresas da região e até aqueles que param rapidinho só pra comer um lanche.
Hoje, o grande desafio da casa é um que persegue as gerações à frente do Ponto Chic há anos: expandir para novas unidades em São Paulo. Mas Rodrigo avisa: não é o momento. “É um sonho, mas não para agora”, diz. “Estamos focando na força da marca e no bom andamento das três unidades já existentes. A pandemia foi um fator negativo para o setor e, no momento, o compromisso está no bom gerenciamento das unidades, mas sempre olhando no crescimento de maneira organizada”.
Aves acredita que, hoje, o Ponto Chic se mescla com a cidade. “Ele acabou ultrapassando a barreira de ser apenas uma lanchonete ou um restaurante. Se tornou um guardião das tradições de São Paulo, de como é servido o bauru, da receita original e do clima. Isso traz a aura desde os frequentadores lá do início”, afirma, citando os modernistas, jornalistas e intelectuais que faziam de lá uma “segunda casa”. “Muita gente passou pelas mesas do Ponto Chic e a história de São Paulo foi acontecendo com o Ponto Chic como espectador”.
Endereços do Ponto Chic
PAISSANDU
Largo do Paissandu, 27.
Tel.: (11) 3222-6528
PERDIZES
Largo Padre Péricles, 139.
Tel.: (11) 3826-0500
PARAÍSO
Praça Oswaldo Cruz, 26.
Tel.: (11) 3289-1480