Analistas consultados pelo Banco Central revisaram para cima a projeção da taxa básica de juros, a Selic, para o fim deste ano.
Analistas consultados pelo Banco Central revisaram para cima a projeção da taxa básica de juros, a Selic, para o fim deste ano. Segundo o Boletim Focus, divulgado nesta terça-feira, 16, o mercado brasileiro estima que a taxa encerre o ano em 9,13%, acima dos 9%. Essa é a primeira revisão nas projeções da Selic em mais de 15 semanas.
O mercado passou a ver um cenário mais complicado para as taxas de juros tanto pela conjuntura global quanto por fatores domésticos. Olhando para o exterior, o ritmo de quedas de juros nos Estados Unidos, que pode ser bem mais lento que o estimado no início do ano, deixa o BC brasileiro mais cauteloso em relação ao processo de afrouxamento monetário, podendo reduzir o ritmo nos cortes de juros — conforme sinalizado na última ata do Copom, de março. Atualmente, a taxa está em 10,75% ao ano.
Juros altos nos EUA significam investimentos em renda fixa mais atrativos que ativos de países emergentes, o que mexe com o câmbio e, consequentemente, com a inflação — já que commodities tanto agrícolas como de energia são cotadas em dólar.
Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não não há como negar que o patamar do juro norte-americano influencia a economia brasileira. O ministro ponderou, no entanto, que ainda há espaço para o Banco Central brasileiro promover cortes na taxa Selic, hoje em 10,75%. “Temos espaço na política monetária. 10,75% (juro no Brasil) contra 5,5%, 5,25% (juro norte-americano), ainda temos um caminho para cortar juros, mas todo mundo fica preocupado com a taxa terminal”, disse.
Do lado interno, há um aumento de preocupações com a política fiscal. Na segunda-feira, o governo federal anunciou uma revisão na meta fiscal para os próximos anos. Para 2025, o governo desistiu de perseguir um superávit primário de 0,5% do PIB e agora prevê o déficit zero.
As projeções para os juros de 2025 e 2026 permaneceram as mesmas: em 8,5%. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 7 e 8 de maio.
PIB e inflação
O mercado financeiro voltou a subir a projeção para o crescimento da economia brasileira: de 1,9% para 1,95% nesta semana. Os dados ainda ficam abaixo da projeção do executivo, que espera um PIB de 2,2% neste ano. Foi a nona semana seguida de revisão para cima para o PIB.
A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação voltou a cair, agora de 3,76% para 3,71%. Para 2025, a mediana das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu de 3,53% para 3,56%. Para 2026, permaneceu em 3,50%.