Um novo estudo, publicado no JNCI Cancer Spectrum, mostrou que a dieta DASH pode reduzir o risco de mulheres com câncer de mama desenvolverem doenças
Um novo estudo, publicado no JNCI Cancer Spectrum, mostrou que a dieta DASH pode reduzir o risco de mulheres com câncer de mama desenvolverem doenças cardiovasculares. A pesquisa, publicada na quinta-feira (17), destaca a importância da alimentação na sobrevivência de pacientes diagnosticadas com o tumor.
De acordo com os autores do estudo, o risco de doença cardíaca é maior em quem sobreviveu ao tumor. Isso pode estar relacionado ao fato de que algumas terapias contra o câncer podem causar danos ao coração. Além disso, ambas as doenças possuem fatores de risco semelhantes, como alimentação inadequada, obesidade e tabagismo.
“Muitas pessoas não estão cientes de que os sobreviventes do câncer de mama têm um risco maior de desenvolver doenças cardíacas do que as mulheres que não tiveram câncer de mama”, afirma Isaac Ergas, autor principal do estudo e cientista da equipe de Divisão de Pesquisa da Kaiser Permanente Pathways.
“Uma vez que a dieta pode melhorar a saúde do coração, sentimos que era importante verificar se a qualidade da dieta estava relacionada com o risco futuro de doenças cardíacas em mulheres diagnosticadas com cancro da mama”, completa.
Para chegar às descobertas, a equipe de pesquisadores analisou dados do Pathways Study, um dos maiores estudos dos Estados Unidos que acompanham mulheres desde o diagnóstico de câncer de mama. Eles analisaram 3.415 mulheres que foram diagnosticadas com câncer de mama invasivo no Kaiser Permanente Northern California entre 2005 e 2013, e que foram acompanhadas até 2021.
Todas as participantes responderam um questionário sobre hábitos alimentares quando entraram no Pathways Study. O estudo avaliou 5 padrões alimentares: a dieta DASH, recomendada para promover a saúde do coração; uma dieta recomendada pela American Cancer Society para sobreviventes de câncer; uma dieta baseada em vegetais; o padrão de alimentação do Índice de Alimentação Saudável de 2020, e a dieta mediterrânea.
Os pesquisadores descobriram que as mulheres que mantinham um padrão de alimentação próximo à dieta DASH quando foram diagnosticadas com câncer de mama tinham menor risco de desenvolver doenças cardíacas. Segundo os resultados do estudo, essas mulheres apresentaram:
Esses resultados foram obtidos em comparação com as mulheres cujas escolhas alimentares eram menos semelhantes às da dieta DASH.
“É emocionante ver os resultados deste excelente trabalho que capacita nossos oncologistas a recomendarem orientações de medicina de estilo de vida baseadas em evidências”, afirma Tatjana Kolevska, presidente do Permanente Medical Group Medical Oncology and Hematology.
A dieta DASH é um tipo de alimentação baseado no consumo de vegetais, frutas e grãos integrais, incluindo peixes, aves, feijões, nozes, óleos vegetais e laticínios sem gordura ou com baixo teor de gordura. Alimentos como bebidas açucaradas, doces e comidas ricas em gorduras saturadas devem ser limitadas.
O objetivo da dieta DASH é reduzir a reduzir a hipertensão. Sua sigla significa “Dietary Approach to Stop Hypertension” (“Abordagem dietética para parar a hipertensão”, em tradução literal) e foi proposta inicialmente em 1995.
Os pesquisadores também descobriram que mulheres que foram tratadas com antraciclina, um tipo de quimioterapia que pode causar danos cardíacos, tinham um risco menor de desenvolver ou morrer de doença cardiovascular quando seguiam uma dieta semelhante à DASH, em comparação com quem não seguia esse padrão de alimentação.
No entanto, essa diferença não foi observada em mulheres em outros tipos de tratamentos quimioterápicos.
“Nosso estudo é um dos poucos que se aprofundou no efeito da dieta no risco de doenças cardiovasculares em sobreviventes de câncer de mama”, afirma Marilyn Kwan, autora sênior do estudo e pesquisadora da Divisão de Pesquisa. “As nossas descobertas destacam a importância de continuarmos a falar com as sobreviventes do cancro da mama sobre a qualidade da dieta, não só para reduzir o risco de recorrência do cancro da mama, mas também para reduzir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares”, finaliza.