Área do Grande Rio controlada pelo crime cresceu 105% desde 2008

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Área do Grande Rio controlada pelo crime cresceu 105% desde 2008

Um mapeamento divulgado nesta segunda-feira, 15, mostra que a área do Grande Rio — formado pela capital e pela Baixada Fluminen

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Um mapeamento divulgado nesta segunda-feira, 15, mostra que a área do Grande Rio — formado pela capital e pela Baixada Fluminense — controlada pelo crime organizado dobrou nos últimos 16 anos, em um crescimento territorial de 105,73%. A mais recente atualização do Mapa dos Grupos Armados revela ainda que a facção do tráfico de drogas Comando Vermelho foi a organização criminosa que mais se expandiu no estado em 2023, um aumento territorial de 8,4%. Se considerados os estudos desde 2008, porém, foram as milícias que mais cresceram em domínio de territórios: 204,6%. Os dados são do Instituto Fogo Cruzado  junto ao Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF).

O avanço do Comando Vermelho está associado especialmente a um período de perdas para as milícias na Zona Oeste da capital e na Baixada. Com a morte e a prisão de líderes desses grupos, além de disputas internas, entre milicianos, pela herança de territórios, o CV viu uma oportunidade de tentar retomar regiões que dominava no passado e até fazer uma ofensiva sobre postos-chave, como Rio das Pedras, um dos berços desses grupos paramilitares. 

Esta última ação não foi bem-sucedida, mas em outros locais, sim: o Comando Vermelho foi o único grupo armado que apresentou aumento em seu domínio territorial em 2023. Tal avanço ocorreu de maneira mais agressiva também no Leste Fluminense, onde estão cidades como Niterói, São Gonçalo e Maricá.

“Sabia-se que o Comando Vermelho estava avançando em áreas das milícias e que isto levaria a intensificação do conflito. Neste ponto, a atuação das autoridades políticas e policiais deixou muito a desejar. Seja porque não ofereceu a devida proteção aos moradores dessas áreas, em parte, inclusive, intensificando os conflitos através das operações policiais, mas também porque não atua sob as bases políticas e econômicas desses grupos. E nem na lógica do controle territorial armado, que como o caso Marielle mostrou, é o que estrutura o poderio desses grupos”, afirma Daniel Hirata, coordenador do GENI-UFF. 

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Entre as milícias, houve redução de 19,3%. Os territórios dominados pelo Terceiro Comando Puro (TCP) caíram 13% , enquanto a facção Amigos dos Amigos (ADA) reduziu 16,7%. Com essa nova dinâmica, o Comando Vermelho passou a ser o grupo armado com maior domínio territorial no estado, à frente de 51.9% dos territórios controlados por criminosos na Região Metropolitana. Até então, eram os milicianos que ocupavam a maior parte desses locais. 

Mapa dos Grupos Armados, produzido pelo Instituto Fogo Cruzado junto ao Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF) (Divulgação/.)

Em 2008, considerando toda a área urbana habitada da Região Metropolitana do Rio (o que corresponde a 2.565,98 km²), 8,8% estavam sob o comando de algum grupo armado. Essa parcela, agora, subiu para 18,2% e representa uma área de cerca de 467 km²: 51,9% sob o domínio do Comando Vermelho, 38,9%, das milícias, 7,7%, do Terceiro Comando Puro, e 0,8% da facção Amigos dos Amigos. 

Milícia segue maior na Zona Oeste

Se considerado o mapeamento dos últimos 16 anos, foram as milícias que apresentaram o maior crescimento em domínio de territórios, de 204,6%. Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro avançaram respectivamente 89,2% e 79,1%, enquanto a facção Amigos dos Amigos apresentou redução de 75,8%. 

O domínio dos milicianos nos últimos anos tem a ver principalmente com a capital. E, de maneira mais específica, com a Zona Oeste do Rio. Dos 118,9 km² de extensão territorial sob domínio de algum grupo armado nessa região da cidade do Rio, 83,1% estão sob o controle das milícias. O CV tem 7,7%, seguido por TCP (5,7%) e ADA (2,7%). Nas zonas Norte, Sul e Centro, é o Comando Vermelho a organização criminosa preponderante. 

“Enquanto não houver política pública voltada para a desarticulação efetiva das redes econômicas que sustentam os grupos armados e para a proteção de funcionários públicos que prestam serviços essenciais em todos os bairros do Grande Rio, conviveremos com essa oscilação onde num ano a milícia cresce mais e noutro o CV lidera. O problema maior por trás disso são os conflitos incessantes que diariamente colocam a vida da população em risco e as dinâmicas de violência e extorsão às quais essa mesma população é submetida quando um grupo armado assume sua localidade”, analisa a diretora de dados e transparência do Instituto Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto.

Fonte: Externa